me lembro que odiava o natal quando criança. achava um dia de nostalgia extrema. talvez fosse um anúncio do que viria adiante. a impossibilidade de lidar com tanta significância. no fim, eu odeio o natal, porque sou escrava dos simbolismos. além do problema de ansiedade. de querer estar junto com as pessoas queridas e que tudo seja perfeito. nunca é. não sei lidar com as minhas próprias expectativas. e de magia volta à nostalgia extrema, ao coração apertado.
mas, há um simbolismo especial no natal que com certeza não é magia, mas só grandiosidade das pessoas ao meu redor - a benevolência. só é encontrada quando coisas são postas à prova. besteiras são feitas, impulsos possuem. mas a lealdade põe a benevolência em prática.
nesse natal continuo nostálgica, com o coração apertado, ansiosa e pensando em muitas coisas de um ano tão difícil que passou. mas eu vi o que é o amor. não foi a primeira vez, mas talvez a mais significativa. até que ponto o outro pode ser tão significante que consegue dividir o peso da existência com outra pessoa? o peso da culpa, dos erros. ninguém gostaria de dividir isso. mas há quem divida. e esses que dividem que são anjos.
o resto do caminho não sei como trilhar. mas já sei que existem anjos de natal. não sei no que acredito, mas há algo de cósmico nessa existência. um tanto de aprendizado que cansa, perturba. mas eleva. talvez isso seja religiosidade. ou maturidade. os limites continuam tênues.
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